janeiro 28, 2011

FotOrg - O "low-cost" chegou aos fotovoltaicos


:: FotOrg ::

.:: O "low-cost" chegou aos fotovoltaicos ::.

São células solares de baixo custo que podem ser incorporadas em quase tudo o que a imaginação permitir. No FotOrg, a inovação deu as mãos à criatividade.

Carregar o telemóvel num casaco ou alimentar um leitor de mp3 num chapéu. Tudo isto vai ser possível com as tecnologias FotOrg, projecto distinguido na categoria Clean Tech, do prémio BES Inovação. Como? Através de células solares (fotovoltaicos) de materiais orgânicos a baixo custo.

Luiz Pereira, 46 anos, é o responsável científico pelo projecto. Professor do Departamento de Física da Universidade de Aveiro (UA) há 20 anos, desde 2007 que trabalha com as células que convertem a radiação solar em energia. A vantagem destes fotovoltaicos é a competitividade na relação entre eficiência e custo, explica.

"Na realidade, a eficiência útil é de cerca de 5%, quatro vezes menos do que o melhor fotovoltaico de silício monocristalino, [utilizado nos actuais painéis solares] pode oferecer, mas o custo é da ordem de dez vezes menos", diz. São cerca de dez mil vezes mais finos do que um cabelo humano, o fabrico é simples e pode ser efectuado em sistemas de larga produção.


.:: Tecnologia de terceira geração ::.

Luiz Pereira começou a trabalhar com semicondutores orgânicos (material que conduz corrente eléctrica, constituído por átomos de carbono interligados) em 2001, mais especificamente com OLED (células que emitem luz quando recebem energia eléctrica).

Em 2006, foi contactado por uma agência do Porto, ligada à Agência de Inovação, e propuseram-lhe uma parceria com a empresa SolarPlus. Apesar de o projecto ter sido aprovado, a empresa desistiu na recta final. Nesta altura, o professor já tinha sido picado pelo bicho do empreendedorismo e não deixou morrer a ideia. A sua relação com o CeNTI - Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes, e o interesse que demonstraram em avançar com o projecto, permitiram que delineasse uma potencial aplicação a nível industrial, numa ponte com o mundo empresarial.

Este tipo de células solares, de "terceira geração", já são conhecidas em laboratórios de universidades há cerca de oito anos. O que o FotOrg fez foi lançar novas ideias para o seu fabrico e optimização. Contudo, o professor explica que o projecto carece de trabalho a nível laboratorial e da durabilidade.


.:: Em busca da viabilidade comercial ::.

O melhor tempo útil que já foi conseguido, a nível mundial, é cerca de um ano, "manifestamente inviável do ponto de vista comercial. Mas já alcançaram dois avanços: na UA, conseguiram compreender os fenómenos físicos de transporte de carga eléctrica/morfologia que permitiu delinearem uma nova estratégia; no CeNTI e na Nanolayer desenvolvem filmes de barreira de protecção para incrementar a durabilidade dos fotovoltaicos.

"Este tipo de fotovoltaico é praticamente 100% flexível, sem perda de eficiência. Pode ser aplicado em quase tudo o que a nossa imaginação seja capaz de sonhar", explica. O principal mercado-alvo é de nicho. Inclui "gadgets" e a incorporação arquitectónica. "Dada a facilidade de incorporar este tipo de fotovoltaicos em qualquer estrutura, podemos, no limite da imaginação, conceber uma casa completamente 'forrada de células soares orgânicas 'disfarçadas' na estrutura, das paredes ao tecto", revela.

O início da actividade da empresa está dependente dos resultados da fase-piloto, que será iniciada no segundo semestre no próximo ano. Agora, pretendem adquirir equipamentos de grande porte para a produção piloto. "De acordo com as empresas fornecedoras, os equipamentos estarão instalados e operacionais até ao final do primeiro semestre de 2011. A partir daí, teremos todo o trabalho de optimização e contamos ter uma prova de conceito (a nível de aplicação comercial) no Outono de 2011."

Fonte: Jornal Negócios

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